HOSPITAL PORTUGUÊS MASSACRA PACIENTE
Judit dos Santos Martins tem 68 é diabética, hipertensa e cardíaca. No dia 13 de setembro, devido a um problema de inchaço no joelho e dificuldade para andar teve a perna enfaixada no Hospital Português e voltou para casa com recomendação médica de repouso absoluto.
Ficou marcada a volta para o dia 19 último, quando seria retirado o enfaixamento.
Quando a paciente voltou ao hospital dos ricos do Recife, acompanhada da filha Roberta Almeida, no dia agendado, viveu o drama de quem procura a rede pública.
Estava previsto apenas o procedimento de retirar a tala da perna, mas um médico solicitou um exame de ressonância magnética e na recepção informaram Roberta que esta devia procurar a Central da Unimed Recife para pegar uma autorização.
A jovem, que é professora em Olinda e na capital pernambucana, nesse dia deixou os alunos na mão. Ficou entre às 11h30 às 13h na Unimed Recife para sair de lá com a bendita autorização.
Novamente no Hospital, na recepção, ouviu da funcionária da unidade de saúde o seguinte: “Aqui deve constar o termo autorização em caráter excepcional para o Hospital Real Português".
A essa altura já passava das 14h. Judit Martins, que tinha chegado no Português com a filha antes das 10h estava sem comer, por recomendação médica. Foi então que a equipe técnica percebeu um erro: a ressonância era sem contraste e a paciente poderia ter se alimentado.
O fato é que com ou sem contraste, independente do erro médico, Roberta Almeida teve de ir novamente à Unimed Recife para que eles modificassem a autorização, colocando o tal termo exigido pela recepcionista do realíssimo Hospital Português.
Na Cooperativa dos Médicos, a funcionária informou que o Hospital deveria se comunicar com o auditor da Unimed. Este se encontrava no próprio Português e poderia liberar o exame, de modo que “a conta seria enviada a operadora de saúde e a mesma iria repor ao Hospital o valor da ressonância”.
Nesse jogo de empurra passou a manhã e a tarde quase toda, o Hospital e a operadora do plano de saúde sem chegar a um entendimento e a paciente sofrendo.
Depois das 16h30, após ser jogada pra lá e pra cá, Roberta percebeu que a mãe estava fraca, com dores nas articulações e constrangida pelo atendimento dos que deviam lhe atender e “brincavam” com sua saúde.
Voltou para casa sem ter um posicionamento do Real (bota real nisso) Hospital Português e da Unimed, com dificuldades para andar, sem ter sido atendida e sem a análise do diagnóstico médico. ‘Humilhada por tal situação”, na expressão da filha.
Conheço bem Dona Judit. Fui casado com ela 15 anos e tivemos três filhos: Lulinha (formado em Administração e estudante de Direto), Roberta (pedagoga) e João Paulo (formado em Letras e concluindo o curso de Direito).
Ela começou a trabalhar com 14 anos de idade, no comércio. Quando já estava comigo foi aprovada num concurso do antigo INAMPS. Depois passou para o Tribunal Regional Eleitoral, órgão onde trabalhou até se aposentar. Paga Unimed há muitos anos. Paga caro. E quando precisa é submetida, junto com a filha a um massacre desses.
Esse é um retrato da medicina brasileira. O problema não está só na Rede Pública. Está na mentalidade mercantilista, na burocratização, na falta de compromisso com a vida humana.
Este caso do Português, que envolveu minha filha e sua mãe não é isolado. Outras denúncias têm sido feitas contra o majestoso, luxuoso e caro Hospital do Recife.
E isso acontece na rede privada em Garanhuns, Caruaru, São Paulo, Rio de Janeiro ou outra cidade qualquer do país. Estamos falando da Rede Particular. Dos hospitais públicos não precisa dizer mais nada, não é?
E aí quando o governo traz para o Brasil médicos da Argentina, da Venezuela, da Colômbia, de Cuba ou da Patagônia, os Conselhos Regionais de Medicina, os Cremepe da vida vão às ruas para protestar. Não querem que os profissionais cheguem aos municípios pequenos e deem assistência aos pobres.
E até quem paga uma fábula por um plano de saúde passa um vexame desses.
Mas eu sei do que as entidades médicas têm medo: de que os argentinos, os venezuelanos, os espanhóis e os cubanos, no contato com a população brasileira mostrem uma outra face da profissão. Que eles não são deuses, que eles são humanos e não pensam só no dinheiro. Eles temem que um comportamento dos estrangeiros mais de acordo com o juramento de Hipócrates desmoralize de vez o corporativismo, a irresponsabilidade e a arrogância de grande parte da classe.
Quando escrevo grande parte é porque me preocupo em não generalizar. Sei que existem entre nós brasileiros médicos e médicas de verdade, que honram a profissão e não concordam com o comportamento pedante, egoísta e muitas vezes reacionário de muitos coleguinhas.
Mais Médicos, Mais Humanidade e Mais Vergonha é tudo que o Brasil quer.
P.S. - Segue um link do Blog Acerto de Contas com a narração de mais um absurdo ocorrido no Hospital Real Português do Recife http://acertodecontas.blog.br/atualidades/hospital-portugus-pose-de-princeton-mas-atendimento-de-restaurao/